Na continuação do artigo anterior, relatamos os pontos dominantes do Campeonato Brasileiro de Beach Soccer 2010 e da caminhada do São Paulo de Madjer na competição, retratando agora a segunda fase do torneio.
2ª Fase
A segunda fase da competição foi disputada no sistema de eliminatórias (mata-mata), com as 8 equipas que se tinham classificado nos 2 primeiros lugares dos 4 grupos a lutarem pelo almejado título. Paralelamente, tiveram lugar 2 pequenos torneios de consolação, um dos quais foi disputado pelas equipas classificadas em 3º lugar nos respectivos grupos, destinado a atribuir as posições compreendidas entre o 9º e o 12º lugares, e o outro jogado pelas selecções que ocuparam o 4º lugar nos seus grupos, tendo em vista a definição da classificação entre o 13º e o 16º lugares.
No torneio principal, que contou com a participação do São Paulo, os quartos de final reuniram um conjunto de 4 jogos muito interessantes, com os vencedores dos grupos a defrontarem as equipas posicionadas no 2º lugar dos grupos de apuramento. Em dois desses jogos, as selecções do grupo A cruzaram-se com as do grupo D, enquanto as equipas dos grupos B e C se degladiaram nas outras partidas desta ronda de jogos.
Quartos de final
No primeiro jogo do dia, os poucos adeptos que se deslocaram ao Clube Escola Lapa assistiram a uma vitória sólida do Rio Grande do Norte sobre a forte selecção da Baía, por 5-3. O duelo entre duas equipas do Nordeste terminou com o triunfo dos potiguares (Rio Grande do Norte), comandados pelo célebre Andrey Valério, com destaque para os bis de André e Alessandro.
O segundo jogo era o mais esperado da tarde: o encontro entre Rio de Janeiro e São Paulo, duas selecções favoritas à conquista do troféu. Numa partida de grandes emoções, os capixabas (Espírito Santo) chegaram a levar 3 golos de vantagem, mas o Rio de Janeiro conseguiu recuperar, com 1 golo de Duda e 2 tentos de Benjamim que empataram o jogo: 3-3. Foi preciso recorrer ao prolongamento, onde o Espírito Santo foi mais feliz, chegando à vitória através de um golo de Bruno Malias: 4-3.
O penúltimo confronto do dia foi resultou num festival de golos, com a poderosa selecção maranhense a aplicar uma pesada derrota de 7-1 ao conjunto do Distrito Federal. A técnica e organização dos nordestinos foi demais para a equipa da capital brasileira, cujas debilidades eram bem evidentes. A estrela do encontro, com 3 golos de belo efeito, foi Fernando DDI, jovem promessa do futebol de praia brasileiro, que este ano vestiu a camisola do Sporting no Circuito Nacional de Futebol de Praia.
São Paulo 6 – 0 Pernambuco
Por fim, Madjer e os seus companheiros do São Paulo entraram em campo, ávidos de vitórias e de muitos golos, mas acima de tudo muito concentrados para enfrentarem o adversário complicado que tinham pela frente: a selecção de Pernambuco. De facto, as coisas não foram fáceis no 1º período, com o único golo dos paulistas a ser marcado por Sidney, através de um cabeceamento na resposta a um pontapé de canto.
Porém, o 2º período trouxe mais golos e festa às areias de São Paulo, com a equipa da casa a dilatar a vantagem para 4-0: Juninho Alagoano, por duas vezes, e Daniel Souza, por uma ocasião, marcaram os golos do São Paulo. Destaque para o segundo golo de Juninho Alagoano, o quarto da equipa do São Paulo: um remate de muito longe, que foi um dos grandes momentos do jogo!
O jogo corria de feição à selecção paulista, mas ainda faltava alguma coisa para ele ser verdadeiramente completo. Sim: apesar de todas as suas tentativas, Madjer ainda não tinha marcado nenhum golo! Foi no 3º período que o número 11 do São Paulo fez o gosto ao pé, por duas ocasiões, conseguindo um resultado final de 6-0 para a sua equipa! Dois golos de Madjer, duas assistências de Sidney, com quem o craque português se entendeu às mil maravilhas. Realço aqui o pormenor do quinto golo: nada mais nada menos do que um belo toque de calcanhar de Madjer, que meteu a bola no fundo da baliza pernambucana!
Eis o vídeo com os 6 golos do São Paulo frente ao Pernambuco, incluindo a preciosidade de Madjer:
Bons momentos de futebol de praia, não é verdade? Deitemos agora um olhar aos resultados dos jogos deste importante dia 18 de Novembro:
Resultados
Baía 3 – 5 Rio Grande do Norte
Rio de Janeiro 3 – 3 Espírito Santo (Rio de Janeiro 3 – 4 Espírito Santo prolongamento)
Maranhão 7 – 1 Distrito Federal
São Paulo 6 – 0 Pernambuco
Meias finais
Com apenas 4 equipas na corrida pelo título brasileiro, os dois jogos das semi finais prometiam muita luta e emoção aos amantes da modalidade. Rio Grande do Norte e Espírito Santo disputaram a primeira meia final, enquanto o derradeiro jogo do dia colocou frente e frente Maranhão e São Paulo.
No jogo inaugural das semi finais, os capixabas conseguiram uma vitória clara por 6-3 diante dos potiguares. Num bom jogo de futebol de praia, o Espírito Santo superiorizou-se ao Rio Grande do Norte: a eficácia de Buru, autor de 3 golos, e a magia de Bruno Malias, que bisou na partida, foram mais poderosas do que a qualidade de Dunga e André. O Espírito Santo seguiu assim para a desejada final, deixando os potiguares pelo caminho.
Na outra meia final, Madjer e os seus colegas do São Paulo sentiram imensas dificuldades perante a organização do Maranhão, devidamente precavido para os perigos da equipa paulista. A muralha defensiva dos adversários só foi transposta perto do final do 1º período, num penalti exemplarmente cobrado por Betinho. O marcador manteve-se muito equilibrado até ao 3º período, quando Sidney ampliou a vantagem do São Paulo, numa boa jogada. Porém, o 2-0 não durou muito tempo e, alguns instantes depois, o Maranhão empatava a partida, com um golo da jovem estrela Fernando DDI.
Importa aqui realçar também a portentosa exibição de Mão, guarda-redes do São Paulo, que se manteve sempre firme entre os postes, negando repetidamente as oportunidades de golo que os jogadores maranhenses iam criando. O São Paulo passava assim à final, depois de um triunfo suado contra uma das melhores selecções do torneio.
Resultados
Rio Grande do Norte 3 – 6 Espírito Santo
Maranhão 1 – 2 São Paulo
Final
Chegou enfim o grande dia, da tão esperada final. Muito se especulou sobre quais seriam as equipas presentes e quem seria o grande vencedor. Pois bem, esta final foi disputada por Espírito Santo e São Paulo, com os primeiros a levarem a melhor, num óptimo jogo de futebol de praia. Equilíbrio, espectáculo e emoção foram três ingredientes bem presentes nesta batalha de gigantes, com Madjer em grande plano!
Após um 1º período muito equilibrado, sem golos, durante o qual as equipas jogaram com cautela, Espírito Santo e São Paulo começaram a buscar a vantagem de forma cada vez mais activa no 2º período do encontro, com os seus criativos jogadores a procurarem formas de chegar à baliza adversária.
Foi precisamente o atleta português quem inaugurou o marcador, num lance espectacular: Madjer avança em velocidade pela ala direita, ultrapassa um defesa adversário e, inesperadamente, remata de pé esquerdo ao ângulo da baliza do Espírito Santo! Um grande golo, ao qual Bruno Malias respondeu com um tiro prodigioso de muito longe, sem hipótese de defesa para Mão: 1-1 no marcador.
O 3º período do jogo trouxe mais um golo para cada lado. Primeiro, Bruno Xavier, na sequência de um livre, colocou o Espírito Santo em vantagem, por 2-1. Depois, o São Paulo empatou, mais uma vez por intermédio de Madjer! Numa jogada de perfeito entendimento com Betinho, o craque português partiu para mais uma das suas ferozes arrancadas, deixou dois adversários pelo caminho de uma só vez e, num ápice, rematou vigorosamente, com a bola a entrar na baliza do Espírito Santo, rasteira, bem junto ao poste.
O 2-2 que se registava no final dos 36 minutos de tempo regulamentar não decidia nada e foi necessário recorrer a uma prolongamento de 3 minutos para apurar o vencedor. Nesse capítulo, os capixabas foram mais felizes, alcançando a vantagem definitiva numa bomba de Bruno Xavier, que rematou de muito longe e contou com o ressalto na areia, suficiente para trair Mão e dar o triunfo ao São Paulo: 3-2 no marcador. Madjer, na bola de saída, ainda acertou no ferro da baliza do Espírito Santo, mas, definitivamente, não estava com sorte.
Assim terminou o jogo, com o triunfo do Espírito Santo, que festejou efusivamente a conquista do tão desejado troféu. Parabéns aos campeões!
No jogo anterior, o Rio Grande do Norte vencera o Maranhão por 5-2, atingindo assim o 3º lugar do pódio, coroando uma participação de grande nível da selecção potiguar. Convém também recordar que os maranhenses, apesar da derrota, ficaram entre as 4 melhores equipas da competição!
Resultados
Jogo dos 3º e 4º lugares: Rio Grande do Norte 5 – 2 Maranhão
Final: Espírito Santo 2 – 2 São Paulo (Espírito Santo 3 – 2 São Paulo prolongamento)
Classificação do Campeonato
1º Lugar – Espírito Santo
2º Lugar – São Paulo
3º Lugar – Rio Grande do Norte
4º Lugar – Maranhão
Prémios individuais
Importa aqui destacar a atribuição de uma panóplia de prémios aos jogadores, treinadores e árbitros que mais se destacaram pela positiva neste Campeonato Brasileiro de Beach Soccer 2010. Bruno Malias, do Espírito Santo, foi eleito melhor jogador da competição, premiando a sua preponderância no sucesso da equipa e a magia do seu futebol de praia, enquanto as capacidades goleadoras de Juninho, do Pernambuco, lhe deram a distinção de melhor marcador. Mas o São Paulo também amealhou um prémio: o de melhor guarda-redes, atribuído com toda a justiça a Mão, que se evidenciou pela sua segurança na sua posição.
Equipa Fair Play – Paraíba
Árbitro Revelação – Antônio Bruno (CBBS, Sergipe)
Melhor Árbitro – Felipe Varejão (FIFA, Espírito Santo)
Treinador Revelação – Francisco Castello Branco, “Chicão” (Maranhão)
Melhor Treinador – Andrey Valério da SIlva (Rio Grande do Norte)
Melhor Guarda-redes – Mão (São Paulo)
Melhor Marcador – Juninho (Pernambuco) – 13 golos
Melhor Jogador – Bruno Malias (Espírito Santo)
BALANÇO DA FINAL E DOS FINALISTAS
Deste modo, o Espírito Santo sagrou-se campeão brasileiro de futebol de praia, após um duelo titânico entre duas grandes selecções. O jogo foi decidido nos detalhes, com a areia a fazer a diferença, mas o que conta é a conquista do Espírito Santo, que foi justa e cheia de mérito. O São Paulo, igualmente merecedor de um prémio melhor do que o 2º lugar, não conseguiu ser campeão, mas está igualmente de parabéns pela belíssima campanha que fez na competição e pela óptima exibição que protagonizou na final.
Então e Madjer?
Quanto a Madjer, terminou a competição com o excelente registo pessoal de 10 golos, num total de 6 jogos disputados, levando para casa um 2º lugar no campeonato nacional do país que domina o futebol de praia mundial. João Victor Saraiva juntou assim mais uma linha ao seu inigualável currículo, repleto de marcas maravilhosas que ganham uma nova companhia. Desta vez não foi possível ganhar, mas quem sabe se a sorte não mudará numa ocasião futura?
Mas acho que o que devemos realçar aqui, em jeito de conclusão, é o grande espírito de amizade e camaradagem com que Madjer trabalhou e conviveu com os seus colegas do São Paulo, perfeitamente integrado, em completa harmonia com o ambiente e as pessoas que o rodeavam. A humildade com que agradeceu aos seus colegas de equipa a experiência maravilhosa que lhe proporcionaram, afirmando ter sido um prazer representar o São Paulo, foi certamente correspondida por todas as pessoas com as quais estabeleceu contacto.
Esta participação de Madjer no Campeonato Brasileiro foi mais um exemplo da influência positiva que Madjer consegue exercer sobre o mundo que o rodeia, ajudando a promover não só o futebol de praia, mas também outras coisas essenciais à vida.